O melhor e o pior de se expor na internet

O melhor e o pior de se expor na internet

Tempo de leitura: 5 minutos

Como produtora de conteúdo, meu maior medo sempre foi lidar com os haters.

Mesmo sendo ponderada e fazendo muita pesquisa antes de postar qualquer coisa, a partir do momento em que passei a me expor e me posicionar, os comentários negativos começaram a chegar.

A sensação é de invasão. É como estar em casa e, de repente, chegar alguém e falar que não gostou do modo como decorei minha estante, derrubar meus livros e dizer que preciso me adequar a um padrão que não condiz comigo.

Quando ofendem, dizem palavras duras, cada um tem uma maneira de responder. Meu modus operandi sempre foi não reagir, passei a vida inteira calando meus incômodos porque não queria desagradar ninguém. Mas nesse ritmo, acumulei incontáveis dores de garganta. Por que o desconforto tem que ser só meu?

Em janeiro de 2021 eu fiz a 1ª Imersão de Tarot, ao vivo, e entreguei muito conteúdo de altíssima qualidade gratuitamente. Daí me apareceu uma pessoa dizendo que merecia uma bolsa integral na minha Escola de Tarô porque ela tinha perdido um ente da família. Em outras palavras, ela queria que eu deixasse de obter a justa renda com a matrícula na minha Escola porque ela estava de luto. A famosa barganha, um dos estágios que todas as pessoas enlutadas costumam atravessar.

A dor da “perda” é tão grande que a pessoa se sente uma vítima e precisa que alguém faça algo para aplacar o sentimento de desolação.

Acontece que eu também estava de luto, pois durante o período da pandemia perdi minha avó materna e meu pai. Vamos então competir para ver quem está pior? Não, né?

A saia justa me fez escrever para a pessoa que eu não via naquele momento a melhor oportunidade para ela entrar na Escola, afinal, ela estava muito fragilizada, precisando se acolher e sem cabeça para mergulhar num curso tão profundo como o meu.

Emanei muita energia de amparo, para ela ficar bem, e como estava no meio da Imersão, com muito conteúdo para preparar para as aulas ao vivo, não consegui dar mais atenção ao caso, pois a quantidade de mensagens que eu estava recebendo era muito alta (e não tinha equipe para me ajudar).

Eu já estava esquecendo o que tinha acontecido quando recebi uma mensagem muito dura, dizendo algo mais ou menos assim: espero que você consiga muito dinheiro com seu curso, porque pelo visto é só isso que você quer.

Com essa mensagem, meu emocional ficou muito abalado. Jamais imaginei que leria algo tão baixo. Respondi, chorando, que ela não me conhecia para falar daquela forma comigo. E que eu fazia caridade de outras maneiras, anônimas, não com a minha fonte de renda.

E ela nem tinha noção de quantas pessoas estavam me pedindo a mesma coisa, porque ultimamente todo mundo tem alguma trágica história para contar. Enquanto escrevo esse texto, temos hoje mais de 320 mil mortos no Brasil. Não tá fácil… Mas ela se sentia vivendo a pior dor, mais do que qualquer um. E por conta disso, merecia entrar sem pagar nada na minha Escola.

Dizem que conhecemos alguém quando essa pessoa ganha muito poder ou quando é contrariada. Pois então, eu nem disse que não daria a vaga para ela, eu estava atolada de tarefas. Eu até poderia fazer algo para ajudá-la, como já fiz com vários dos meus alunos. Ela nem me deu uma chance, já presumiu o pior de mim, e a forma como falou só me fez ter a certeza de que ela não merecia. Como vou querer uma pessoa que pensa o pior de mim na minha turma?

Decidi, então, gravar um vídeo para o IGTV: Lições que aprendi lançando um produto digital – Um desabafo sincero. Este vídeo foi um marco pra mim, pela primeira vez eu falei abertamente sobre tudo que estava sentindo, quando em outros momentos eu apenas levava essas rusgas para a terapia.

Usei meu espaço para ser didática, falei de um modo muito gentil, apesar de firme. E desde então eu tenho escolhido não ficar calada quando algo me incomoda. Dentro do meu processo de individuação, isso é terapêutico e libertador.

E já que o título desse post é dizer o melhor e o pior de se expor na internet, vou enumerar a seguir:

  1. Quando você se posiciona, recebe eventuais ataques, mas será lembrada por ter uma opinião
  2. Ao falar sobre um assunto polêmico, irão discordar de você, mas outras tantas pessoas irão te aplaudir, e você será lembrada por isso também
  3. Ao usar sua voz, você irá inspirar outras pessoas que se calam a começarem a se posicionar
  4. Ao falar o que pensa, você vai ouvir algo em resposta – essa é a premissa do ditado: quem fala o que quer, ouve o que não quer
  5. Mas, uma vez que você usou o seu espaço pra falar, não aceite que te faltem com o respeito – bloqueie, exclua, delete a mensagem, ou use a oportunidade para produzir mais conteúdo
  6. O sinal de que você está crescendo é ter haters, acredite – veja isso como um indicativo
  7. Se ninguém discordar de você, talvez esteja muito em cima do muro, repense o excesso de diplomacia
  8. Posicionar-se é ter autenticidade, ficar com medo de aparecer por achar que não vai suportar as críticas destrutivas pode ser um baita sabotador que nunca vai te deixar sair do lugar

Não estou mais aceitando de forma passiva as ofensas. Se necessário, bloqueio MESMO. Na minha casa ninguém mais vai entrar e dar opinião onde ela não foi convocada. Não gostou do meu conteúdo? Tudo bem, comente com educação e trocaremos uma ideia a respeito. Agora, mais do que isso, peço que se retire, porque não sou obrigada a ouvir desaforo dentro do meu perfil, vamos combinar, né?

1 comentário


  1. Amei hj em dia as pessoas acham que podem falar td que vem na mente e não pensam na dor ou na situação do outro. Só pq vc e publica e está fazendo uma live ou um vídeo que não pode ter problemas ? Que não pode estar triste chorando a perda de uma pessoa querida.
    Hj em dia tem muito mimimi.
    Parabéns pela sua resposta é posição 👏👏👏👏

    Responder

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *